Quem é o Bruxo do Cosme Velho?

Felipe Macielaires

Machado de Assis é conhecido por um estranho apelido que, ainda assim, não lhe rouba prestígio. O epíteto “Bruxo do Cosme Velho” ganhou força quando Carlos Drummond de Andrade dedicou a Machado o poema Ao Bruxo, com Amor, publicado em 1959 no livro A Vida Passada a Limpo. Logo nos primeiros versos, é feita referência à casa – número 18 – da Rua Cosme Velho, situada no bairro homônimo do Rio de Janeiro, onde morou Machado. Em seguida, passeia por algumas obras do homenageado, citando personagens e aludindo a características de personalidade destes.

A origem do termo “Bruxo do Cosme Velho”, porém, não é certa. A estranheza causada por um hábito de Machado pode ter feito o burburinho dos vizinhos. O autor gostava de queimar cartas e documentos acumulados no jardim de sua casa. Mas não métodos discretos: os papéis eram incendiados num caldeirão. Um dos mais respeitados críticos literários do mundo, o norte-americano Harold Bloom vê Machado como “o maior gênio da literatura brasileira do século XIX”. O analista incluiu o bruxo no Cânone Ocidental, livro de 1994 que reúne ensaios sobre os mais importantes escritores do ocidente. O motivo: as obras machadianas contém “os pré-requisitos da genialidade: exuberância, concisão e uma visão irônica ímpar do mundo”.

Outros que reverenciam Machado são o escritor de origem indiana Salman Rushdie, autor dos Versos Satânicos (que levou-o a ser jurado de morte pelo Irã, em 1989), e o cineasta e escritor esporádico Woody Allen, que certa vez disse ter achado Memórias Póstumas de Brás Cubas “o livro mais esquisito e fascinante” que já teve “a sorte de ler”.