Baiano, brasileiro e universal: Caetano Veloso faz 80 anos


Caetano Veloso é um dos maiores nomes da música brasileira e sua arte se entrelaça à história nacional com reflexos na arte pelo mundo. O cantor e compositor, que completa 80 anos em 2022, possui uma trajetória com quase seis décadas, marcada pelos movimentos culturais e pela manifestação contra a ditadura militar brasileira.

Baiano de Santo Amaro, na região do Recôncavo, o quinto filho de seu Zezinho e dona Canô, Caetano Veloso tem entre seus irmãos outro grande nome da arte brasileira, a cantora Maria Bethânia. Na sua extensa trajetória, ele se consagrou como um dos maiores artistas do século XX e imortalizou canções como “Reconvexo”, “Leãozinho” e “Sozinho”.

Com mais de 50 álbuns, Caetano se mantém atuante desde a década de 1960, quando foi reconhecido no cenário musical nacional ao integrar, como precursor, a Tropicália ao lado de Gilberto Gil, Capinam, Tom Zé, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes e Torquato Neto. Esse movimento cultural, que ganhava vida na voragem do regime militar, buscava na música a essência do nacionalismo, o desejo de ser verdadeiramente brasileiro, a partir da incorporação de referências do Modernismo brasileiro e da corrente Antropofágica.

Exilado durante os anos de chumbo, Caetano foi para Londres junto com o amigo Gilberto Gil. Na Inglaterra da rainha Elizabeth, ele gravou o álbum “Transa” que se traduz em uma ironia a um pedido dos militares para que compusesse uma canção enaltecendo a rodovia Transamazônica. Nesse mesmo projeto, há faixas como “You Don’t Know Me”, “Triste Bahia”, “It’s a Long Way” e “Neolithic Man”.

Em pleno século XXI, Caetano é reconhecido como um patrimônio cultural vivo por legar à cultura e a sociedade brasileira inestimável contribuição às artes e ao desenvolvimento intelectual nacional. É, no fim das contas, uma apoteose transfigurada em Gitá gogoya que partiu do Recôncavo e ganhou o mundo.