Brigas, bullying e racismo: como lidar?


Recorrer à arte para promover reflexões e aflorar a sensibilidade e a empatia da turma tem sido a estratégia da professora Ana Cláudia nos episódios de brigas entre estudantes. “Na vivência [do dia a dia] é difícil perceber o que está acontecendo, então trago músicas, vídeos e histórias para ajudá-los a interpretar a situação e a lembrar que o outro também tem sentimentos.”

Já os casos de bullying e racismo demandam uma atuação conjunta de toda a escola e das famílias. Eles não podem ficar apenas sob responsabilidade de um educador nem o trabalho deve ser apenas com os estudantes envolvidos. É necessário que o enfrentamento ao bullying e ao racismo faça parte do Projeto Político-Pedagógico da escola, que todos os profissionais recebam formação nesse sentido e que o trabalho pedagógico seja promotor de debates e de conhecimento sobre relações raciais, diversidade e respeito. Na prática, além de abordar esses temas relacionando-os aos conteúdos específicos de todas as áreas e à realidade local, atividades como júris simulados, rodas de conversa, trabalhos colaborativos e gincanas podem ajudar.

Paralelamente a esse trabalho, que deve ser contínuo e transversal na escola, é preciso acolher tanto as vítimas de bullying ou de racismo quanto quem praticou esses atos, já que crianças e adolescentes reproduzem essas violências que aprenderam em algum contexto social e demandam da escola um trabalho para desconstruí-las. Vale lembrar que bullying e racismo são violências diferentes. O primeiro ocorre exclusivamente nas relações interpessoais como um fenômeno psicológico e comportamental escolar, e todo estudante está sujeito a sofrer ou a praticar bullying. Já o racismo é um crime que permeia toda a sociedade e os espaços, e apenas estudantes e professores negros e indígenas sofrem racismo – embora possam inclusive praticá-lo – e podem ser vítimas de bullying ao mesmo tempo. 

“Quando acontece algo assim, a escola precisa parar e pensar ações que não sejam punitivas, mas reflexivas, para que todos aprendam verdadeiramente que o outro tem direito de ser o que quiser, o que se é, e isso deve ser respeitado”, finaliza Luiz Felipe.